Nós vos louvamos e bendizemos Santa Mãe de Deus.

Arquivo para setembro, 2012

O HOMEM LIVRE

O que significa ser livre?

O homem novo em Cristo, é um homem livre: ama a liberdade e busca vivê-la plenamente.
Cristo infundiu em nós o espírito de liberdade e não o de escravidão. Pois, “para sermos livres, Cristo nos libertou” (Gal 5,1; cf Lc 4, 18-19, Rom 8,14).

O tipo de homem novo em Cristo é o homem radicalmente oposto ao homem-massa que reina em nosso tempo; o qual, apesar de seus proclamas libertinos contradiz a verdadeira liberdade.

Liberdade é a palavra mais tranquila e com diferentes sentidos do linguajar humano. A liberdade é uma mera aparência, um som vazio e sem conteúdo, enquanto não se esclarece do que se é livre: se é livre de mentira ou livre de verdade; livre de irresponsabilidade ou de responsabilidade; livre de ódio à religião ou livre da religião; livre de correntes ou livres… da própria liberdade” (Cardeal Faulhaber).

A cada momento, ouvimos a palavra “liberdade”, mas, cada um vende sua própria mercadoria de liberação. Na verdade, poucas palavras são tão usadas como a palavra “liberdade” e “libertação”. Romperam-se as correntes dos escravos de galera, porém, não desapareceram as escravidões mais deformadoras e destruidoras do homem e da sociedade.

O homem massificado assume sem dificuldade o que dita a moda; o que “pensa a gente”; o que faz ou acredita a maioria; o que dita a propaganda, o grupo social ou político ao qual pertencem; o que se anuncia nos meios de comunicação… Como um camaleão muda segundo o ambiente e as conveniências, não está “amarrado” a nada.

Pe. Kentenich descreve o homem massa como aquele tipo de pessoa que pensa o que pensa, porque os demais o pensam (suas opiniões são o que trazem a imprensa ou a TV, sem que se tenha formado verdadeiramente um juízo pessoal); que diz o que diz porque os demais o dizem (simplesmente segue a corrente); que faz o que faz, porque os demais o fazem (imita e se representa conforme o ambiente). Este tipo de homem não é livre, não se possui a sim mesmo, não possui convicções, foge de assumir compromissos. Está longe do ensinamento que Jesus proclama: “Vosso falar seja ‘sim’, ‘sim’, ‘não’, ‘não’ ”. (Mt 5, 37)

Como resposta ao tempo, sentimo-nos chamado a lutar por uma autêntica liberdade. Por essa liberdade que nos define como pessoa humana e filhos de Deus. Pela liberdade que encarnou Maria, a Imaculada. “Sob a proteção de Maria, queremos nos educar como personalidades livres e sólidas”.

O esforço pedagógico do Pe. Kentenich se concentrou em educar homens livres, livres de escravidões e livres para amar. Todo o desenvolvimento e a história de Schoenstatt pode-se considerar como uma contínua luta pela perfeita liberdade.

Ser livre “de”

A liberdade que caracteriza o homem novo abrange duas dimensões: ser livre “de” e ser livre “para”.

A liberdade que Cristo nos trouxe é a libertação de toda escravidão: do pecado, da ânsia de poder e de ter, da angustia e do temor, do egoísmo e da massificação, dos instintos desordenados, daquelas cadeias que nos prendem interiormente e nos arrastam a uma existência indigna; livres, sobretudo, do pecado, para poder optar por aquilo que constitui nosso verdadeiro bem e felicidade.

Este processo de libertação não se dá sem renuncia e sacrifício. Por isso, uma espiritualidade e uma ascética da liberdade, sempre deve incluir em seu programa a educação para a renuncia: a videira deve ser podada para que dê mais fruto (cf Jo 15, 2).

Ser livre “para”

A segunda dimensão da liberdade é a liberdade “para”. Ser livres não significa ser uma fumaça solta, que vento leva de um lado a outro. A liberdade não é ausência de compromisso; é, antes, capacidade e vontade de compromisso.

O homem novo é um homem que aprendeu a decidir, a tomar posições, a fazer opções. Isto implica um processo interior: deve aprender a discernir, a dar o passo de decisão ou optar (se trata de decidir entre dois ou mais opções) e logo, a realizar o que se decide. Esta realização é o complemento natural da decisão: o homem livre quer realizar por si mesmo, quer ser gestor e não simplesmente um parafuso de uma máquina que ordena e reclama tributo. Quer“ viver” e não simplesmente ser “vivido”.

A capacidade de decidir é a essência da liberdade. É o que chamamos de liberdade interior, que, como indicamos, se aperfeiçoa e encontra uma compreensão na liberdade “exterior” ou de realização.

A liberdade de realização ou exterior pode nos ser tirada ou dificultada por meio da violência ou por outros meios. O que nunca nos pode ser tirado é a nossa liberdade interior. Esse é o sentido do martírio de cristãos, que preferiram morrer antes de trocar a sua opção por Cristo, de contrariar suas convicções ou negar os seus princípios.
Liberdade e formas

O Pe. Kentenich propõe formulações que expressam o sentido da liberdade do homem novo. Afirma:

“O homem novo é uma personalidade autônoma, uma grande interioridade, animada por uma vontade e disposição a decidir por si mesma; é um homem responsável ante sua consciência e interiormente livre, que se afasta tanto de uma rígida escravidão às formas como de uma arbitrariedade que não conhece normas.”

Explica assim que o homem novo em Cristo não se fecha em formas que são impostas de fora (por um ambiente, por tradição, por uma moda, pelo que dirão, por pressões políticas ou econômicas, etc.), ou formas que não contam com um respaldo vital, fazendo delas costumes e ritos sem alma. Pelo contrário, sem dúvidas, também sabe que certas normas e formas são necessárias para si mesmo e para a convivência social. Estas, certamente, também são formas que recebemos por tradição, mas que assumimos pelo sentido profundo que possui, as cultiva e assume, exercendo nisso sua liberdade.

Em outra definição, Pe. Kentenich afirma que “o homem novo é o homem comunitário e sobrenatural, que assume, a partir de sua própria interioridade e de forma radical, todas as vinculações desejadas por Deus”.

Como lemos anteriormente, significa ser livres “de” e estar orientado – isto é o essencial – a ser livre “para”. O sentido da liberdade é a auto decisão pelo próprio bem e a felicidade. Decidimo-nos por algo que avaliamos como bom para nós. Nosso maior anseio – como seres feitos à imagem e semelhança de Deus – é amar e ser amado. O sentido básico de nossa liberdade é amar, a doação de nosso eu a um tu, para entrar em comunhão com ele. Somos pessoas destinadas a entrar em comunhão. Em outras palavras: o ideal do homem novo em Cristo é ser livre para amar.

SETEMBRO: MÊS DA BÍBLIA

“Tua Palavra é lâmpada para os meus pés e luz para o meu caminho!” (Salmo 119,105)

Setembro é o mês da Bíblia. Este mês foi escolhido pela Igreja porque no dia 30 de setembro é dia de São Jerônimo (ele nasceu no ano de 340 e faleceu em 420 d.C.). São Jerônimo foi um grande biblista e foi ele quem traduziu a Bíblia dos originais (hebraico e grego) para o latim, que naquela época era a língua falada no mundo e usada na liturgia da Igreja.

A Bíblia é hoje o único livro que está traduzido em praticamente todas as línguas do mundo e que está em quase todas as casas. Serve de “alimento espiritual” para a Igreja e para as pessoas, e ajuda o povo de Deus na sua caminhada em busca de construir um mundo melhor.

A Bíblia é capaz de denunciar e anunciar. Ela denuncia as injustiças, os pecados, as situações desumanas, de pobreza, exploração e exclusão em que vivem tantos irmãos nossos. Foi isso que fizeram os Profetas e também Jesus Cristo em algumas ocasiões, pois toda situação de injustiça e pecado é contrária ao projeto de Deus. Mas a Bíblia é, sobretudo, um livro de anúncio. Ela proclama a boa notícia vinda de Deus: Ele nos ama e nos quer bem! Ele é o Deus que caminha conosco, que está ao nosso lado e nos dá força e coragem! Foi Deus que enviou ao mundo seu Filho Jesus Cristo. Ele veio nos trazer a Boa Notícia do Reino; veio nos trazer a Salvação, o perdão dos pecados. É através da fé em Jesus Cristo que nos tornamos filhos de Deus.

Sagrada Escritura palavra de Deus

Na Sagrada Escritura, a Igreja encontra incessantemente seu alimento e sua força, pois nela não acolhe somente uma palavra humana, mas o que ela é realmente: a Palavra de Deus “Com efeito, nos Livros Sagrados o Pai que está nos céus vem carinhosamente ao encontro de seus filhos e com eles fala”.

A Igreja “exorta todos os fiéis cristãos, com veemência e de modo peculiar… a que pela frequente leitura das divinas Escrituras aprendam ‘a eminente ciência de Jesus Cristo’ Lembrem-se, porém, de que a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada pela oração, a fim de que se estabeleça o colóquio entre Deus e o homem; pois ‘a Ele falamos quando rezamos; a Ele ouvimos quando lemos os divinos oráculos”.

Sagrada Escritura alimento da vida cristã

“A Igreja sempre venerou as divinas Escrituras da mesma forma como o próprio Corpo do Senhor”: ambos alimentam e dirigem toda a vida cristã. “Tua Palavra é a lâmpada para meus pés, e luz para meu caminho” (Sl 119,105).

Deus autor da Sagrada Escritura

Deus é o autor da Sagrada Escritura. “As coisas divinamente reveladas, que se encerram por escrito e se manifestam na Sagrada Escritura, foram consignadas sob inspiração do Espírito Santo”

“A santa Mãe Igreja, segundo a fé apostólica, tem como sagrados e canônicos os livros completos tanto do Antigo como do Novo Testamento, com todas as suas partes, porque, escritos sob a inspiração do Espírito Santo, eles têm Deus como autor e nesta sua qualidade foram confiados à própria Igreja.”

Deus é o autor da Sagrada Escritura inspirou seus autores humanos; age neles e por meio deles. Fornece assim a garantia de que seus escritos ensinem sem erro a verdade salvífica.

Alguns conselhos práticos para quem quer ler, conhecer e viver segundo a Bíblia:
1) Pedir sempre ajuda ao Espírito Santo, isto é, iniciar sempre com uma oração;
2) Começar pelos livros e textos mais fáceis, ou seja, os Evangelhos, Atos dos Apóstolos…;
3) Ler e meditar um texto por dia (não é a quantidade que importa, mas a qualidade);
4) Procurar descobrir o contexto em que o texto foi escrito, ou seja: por que e para quem o texto foi escrito;
5) Anotar na sua Bíblia os textos que mais chamam a atenção;
6) Quando encontrar textos difíceis, passar adiante, deixar estes textos para quando participar de um curso ou quando encontrar pessoas que podem ajudar a explicar;
7) Atualizar o texto para hoje: colocá-lo em prática na vida. Celebrar e rezar a Bíblia e a vida. Viver a Palavra!

Termino lembrando um texto bonito de São Paulo: “Tudo o que se escreveu no passado foi para o nosso ensinamento que foi escrito, afim de que, pela perseverança e consolação, que nos dão as Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15,4).

Que neste mês da Bíblia, a Palavra que vem da boca de Deus nos anime, dê força e coragem e com isso sejamos cristãos da Esperança!

Deus abençoe a todos!!!